Dizem por aí que tarde é
melhor do que nunca, e como eu sou uma grande devota da sabedoria popular
milenar, eu resolvi voltar, mesmo depois de um ano sem dar as caras. Desde
que entrei na faculdade as coisas se tornaram complicadas, e por isso fui
deixando mais de lado duas coisas que sempre me fizeram bem: ler e escrever.
Felizmente, percebi que fazer o que gosta (e que teoricamente não te dá nenhum “retorno”)
no meio de tanta coisa atropelada é um ato de resistência e de autocuidado. Então
resolvi voltar, sem viola na mão e nem cachorro latindo, mas com a mão coçando
e cabeça gritando: por favor, volte para a blogosfera.
Muita coisa aconteceu desde o
meu último post. O mundo da internet não está sendo muito gentil com blogs,
para meu azar, e praticamente todos que eu seguia ou sumiram de vez ou se
tornaram newsletter. O Brasil virou de cabeça pra baixo, Pablo Vittar supostamente
vai estampar todas as notas de cem e eu finalmente deixei de ser caloura depois
de três anos consecutivos aí na luta. Foram tantas coisas que já me esqueci da
maior parte delas, por isso achei que seria legal responder esta tag chamada moon list que eu vi na newsletter da
Anna Vitória. Basicamente é uma listinha de perguntas sobre o que aconteceu na
minha vida desde a última lua cheia, que ocorre a cada 29,5 (!) dias.
Foi engraçado responder essa
lista de perguntas porque Março me pareceu um mês infinito, mas quando coloquei
no papel, tive a impressão que eu não tinha feito absolutamente nada. Passada a
crise existencial, consegui pensar em algumas coisinhas para preencher cada
tópico, e no fim achei a ideia tão legal que pretendo repeti-la todos os meses
no meu diário.
moon list: diários de
março de dois mil e dezoito
NATUREZA
Uma experiência íntima com o mundo natural
Uma experiência íntima com o mundo natural
Faz um tempo que eu sigo algumas pessoas no
instagram que praticam uma “dieta” frugívera e vegancrudívora. Eles lançaram uma campanha chamada
“Semana Frugi” que consiste em você só comer alimentos crus veganos,
principalmente frutas, e bem, eu quis experimentar. Foi uma experiência muito
bacana e me fez refletir muito sobre minha alimentação e como ela afeta o meio
ambiente, além de ter sido uma semana bem produtiva e com estabilidade
emocional. Não aderi ao frugismo, mas estou comendo muito mais frutas e fazendo
saladas mais complexas e, modéstia parte, mais gostosas. Ter consciência sobre
o que você come é se conhecer, é entender seu corpo. Contei mais sobre a minha semana na minha
conta do instagram, está lá nos “destaques”.
OBJETO (ANTIGO)
Algo que foi redescoberto ou tenha sido valorizado de um jeito diferente
Algo que foi redescoberto ou tenha sido valorizado de um jeito diferente
Este mês tomei coragem de fazer algo que achei que nunca
faria: colocar alguns livros a venda. Estou precisando de dinheiro (e quem não
está?) e olhei para alguns livros que estão na minha estante e percebi que
provavelmente eles estavam lá só tomando espaço. Alguns eu
nem gostava e outros eu sabia que não releria, então qual era o sentido de continuar com eles? Faz um tempo que eu
comecei a encarar o objeto livro de uma forma diferente do que eu encarava há
uns dois anos atrás. Antes eu tinha uma vontade compulsiva de comprar TODOS OS
LIVROS que eu via - mesmo aqueles que eu não ia gostar
tanto e sabia disso. Eu tinha um
certo prazer interno em comprar, adicionar na minha coleção e abarrotar a minha
estante, aumentar um numerozinho
que só eu me importava. Finalmente, percebi que isso tudo era uma GRANDE BOBAGEM.
Vendi todos os livros que me dispus vender (foram oito porque tenho em São Paulo uma
coleção mais selecionada), e apesar de ter sido um pouquinho difícil, senti que
foi a coisa certa e que preciso fazer isso não só com livros mas com outras
coisas também, como roupas, sapatos, objetos, etc. Quero manter aquelas coisas
que realmente fazem sentido para mim.
OBJETO (NOVO)
Um novo objeto que entrou na sua vida de um jeito significativo
Um novo objeto que entrou na sua vida de um jeito significativo
Uma das minhas
roommates foi para uma
cidade vizinha aqui perto chamada Embu das Artes e falou muito bem do lugar.
Fiquei curiosa e planejei visita-la na semana santa. No começo pensei em ir
sozinha, mas depois de uns dias solitária e meio desolada em casa, resolvi
chamar um amigo. A verdade é que eu me acostumei tanto em passar o tempo
sozinha que eu não lembrei de que existe a possibilidade de estar com alguém.
Já disse
outras vezes que levanto a bandeira de “faço as coisas sozinhas, não deixo de
me divertir porque não tenho outra pessoa para faz tal coisa” e gosto de
sacudi-la pro alto de vez em quando, pois é gostoso e muito importante apreciar
sua própria companhia. Mas eu estava pensando seriamente esses dias se esse
comportamento já não estava virando algo que me faz mal e que me afasta das
pessoas. Tudo tem que ter um equilíbrio. Por isso, convidei dois amigos para
irem comigo, um deles conseguiu e assim partimos para Embu das Artes, uns
trinta minutos de São Paulo (pegando o ônibus pelo Butantã).
A cidade tem
um centro muito bonitinho e me lembrou bastante as cidades históricas de Minas
Gerais (mais conhecidas como as cidades mias lindas do Brasil). Comemos torta
holandesa, salgados veganos, comida da mãe de um cara e experimentamos muita
cachaça (!). Bem no finzinho fui numa barraquinha de uma francesa que vendia
peças de cerâmica de alta temperatura. Foram as peças mais bonitas que vi em
toda a feira, e como eu tinha comprado uns incensos, resolvi levar um
incensário. Ele é azul, com um desenho lindo de folha e pequeno como a palma da
minha mão. Especial por ser meu primeiro incensário, querido por ser um objeto
que representa um dia muito legal e, o mais importante, valioso por me lembrar
de um momento de autocuidado e mudanças.
SURPRESA
Uma experiência com forte teor de surpresa ou choque
Uma experiência com forte teor de surpresa ou choque
Bem, a surpresa nada agradável que todos tivemos este mês
foi a morte de Marielle. Não tem muito mais para falar sobre o caso do que já
foi dito, mas lembro que
quando recebi a notícia foi um choque muito grande e a única coisa que consegui
pensar em fazer foi ir para a rua. Não me considero militante, mas a energia
que aquela manifestação exalou foi incrível. Me arrepiei toda e chorei. Tanto
os discursos de diversas pessoas que a conheciam quanto o barulho da bateria me
fizeram pensar em tudo o que o nosso país está passando e isso me deu um medo
tremendo misturado com raiva.
ENCONTRO
Encontro com estranho ou conhecido que tenha te impactado de alguma forma
Encontro com estranho ou conhecido que tenha te impactado de alguma forma
Não tive nenhum encontro que exatamente me impactou ou
qualquer coisa parecida, mas quando eu cheguei de viagem foi muito bom reencontrar
algumas pessoas. Primeiramente, “meus” animais que provavelmente eram as
coisas que eu mais sentia falta enquanto
eu estava fora. Segundamente, rever o moço que faz meus olhos brilharem e meu
coração bater mais forte, um momento muito especial assim como todos que passo
com ele (!!!! Alguém me segura pois não consigo!!!!), com direito a conchinha,
vinho branco, queijo comte, fotos, amor, gatinho e mais conchinha (a coisa mais
importante do universo).
NOITE
Algo memorável que tenha acontecido numa saída noturna
Algo memorável que tenha acontecido numa saída noturna
Bem, eu não saio (risos). Porém, posso dizer que pedir uma
pizza inteira e comer sozinha foi algo bem memorável que fiz numa noite em que
eu queria me dar um presente.
DIA
Um dia significativo passado fora de casa
Um dia significativo passado fora de casa
Foi exatamente no dia primeiro, o último dia da lua cheia
anterior e meu último dia em Paris. Fico pensando se bater na tecla dessa
cidade pode ser chato, mas não dá para não dizer.
Acordei cedo e fui para Île de la Cité, meu lugar preferido
no mundo. Estava muito frio, mas fazia sol, e havia várias gaivotas rondando o
Rio Sena. Almocei no bairro Saint Michel e paguei dezoito euros no melhor
almoço do mundo: moules como entrada, confit canard como prato principal e créme
brulée de sobremesa. Depois passei na ilha do lado e comi um belo sorvete de
caramelo salgado. Fui a uns brechós que encontrei no caminho e entrei na Notre
Dame. Mas o que mais gostei de fazer foi apreciar o fato de o tempo
passar tão devagar, quase como um sopro divino, o que fazia tudo ser tão bonito e melancólico. Um dia
feliz.
SOZINHA
Sobre tempo passado sozinha
Sobre tempo passado sozinha
Poderia falar
do dia em que resolvi ir pra exposição do Basquiat. Ou quando fiquei a noite
inteira passando produtos de pele. Poderia falar também desta semana inteira
que passei cuidando dos animais e da casa completamente sozinha. E também
quando quase virei a noite vendo Gilmore Girls e chorando um
pouquinho. Mas vou falar só de passagem do dia em que eu fiquei lendo meu
diário de viagem, vendo fotos antigas, pensando na minha família e no que eu
quero para minha vida. Esse dia pode ser qualquer um daqueles outros, inclusive
pode ser todos, mas achei que valia a pena deixar marcados esses momentos
cheios de feelings que são impossíveis
de se ter se não for sozinha.
COM AMIGOS
Sobre tempo passado com amigos
Sobre tempo passado com amigos
Logo no começo do
mês tive a festa mais esperada do ano™, também conhecida como “festa de
Aniversário do Lucas e seus crepes maravilhosos”. Ir para lá foi, bem… uma
odisséia. Coloquei no uber um endereço e por uma letra parei do outro lado da
cidade (risos), mas no final fui com fé e cheguei com duas horas de atraso, mas
cheguei. Foi muito gostoso rever todos os meus amigos que não vejo com tanta
frequência (uma vez que eles fazem o outro curso, aquele que eu abandonei, que
é num horário e em um prédio diferente), além dos crepes, que são maravilhosos, mon amour, je n’ai pas de mots. Além
de uns quilos a mais, a festa rendeu ótimas fotos (que podem ser vistas
abaixo).
Também tive um
jantar com uma amiga muito querida cujo codinome neste blog será Lóri Lóri. Fui
conhecer a nova casinha dela aqui em São Paulo e ela fez creme de milho (muito
bom), algum molho com pepino (muito, muito bom), batatas na manteiga (ela sabe
que eu amo <3), e salada de quinoa (que me fez gostar de quinoa) e fechamos
a noite comendo um chocolate muito gostoso que encontrei por seis reais na
República.
FILME/TV/LIVROS
Três categorias que revelam como vivemos
Três categorias que revelam como vivemos
Este mês foi o mês
que decidi de vez voltar a ser uma leitora assídua. Comecei a sentir falta de
ler a todo momento, uma coisa que fui parando gradualmente por causa faculdade.
Voltei a ler em pé no metrô, no ônibus, enquanto espero a fila de banco, ou
quando estou sem nada pra fazer em casa - e devo te contar que isso está me
fazendo extremamente bem. Desde o dia um, li o livro Le Prisonnier du
Ciel do Zafón, que foi um livro que ganhei na França, por isso o título
está em francês apesar de eu ser brasileira e o livro ser espanhol (!). Foi um
romanção bem daqueles de folhetim, que a gente já sabe mais ou menos como as
coisas vão acontecer, e bem, foi divertido, mas nada espetacular. Também li O
Romance de Tristão e Isolda para a faculdade (Literatura Portuguesa) e
gostei muito mais do que achei que gostaria, na verdade, me deu vontade de
voltar a ler histórias de cavalaria, um dos meus gêneros preferidos. Agora eu
estou na metade de um calhamaço incrível, Helena de Tróia: deusa, princesa e
prostituta, que é basicamente um livro de estudos sobre a representação de
Helena através do tempo, além de reconstruir mais ou menos como a Helena “real”
vivia e como ela era adorada na antiguidade. Encontrei minha vocação acadêmica,
finalmente.
Desde que eu
voltei da França, na verdade um pouquinho antes de voltar, eu comecei a rever Gilmore
Girls. Estava precisando de algo que me confortasse e essa série sempre me
traz uma sensação boa. No momento estou indo para a sexta temporada. Estou
gostando de rever porque estou olhando para alguns personagens de outra forma,
e perdoando um pouco os erros da Rory. Foi nesse tempo também que eu finalmente
vi Divertidamente, que sinceramente achei meio mé, e só serviu pra
reforçar o meu ranço com o fato da Pixar ganhar sempre todas as premiações
mesmo quando ela definitivamente não merece. E, obviamente, continuo vendo
Masterchef firme e forte, graças a deus.
ATOS CRIATIVOS
Com certeza o meu maior ato criativo neste mês foi ter a
certeza de querer voltar a escrever para o blog. Tive várias ideias para posts
e projetos futuros, espero sinceramente que eu não perca a vontade de
fazê-los. Voltar a
escrever está sendo muito excitante e renovador e quero muito aproveitar este momento de explosão para perder
o medo das pessoas e da aprovação delas. Sempre tive muito receio de lerem as
minhas coisas, apesar de escrever num blog, um lugar que teoricamente tem que
ser lido ¯\_(ツ)_/¯
E como foi o mês de vocês?
E como foi o mês de vocês?