Quando estamos naqueles dias que nem a internet e nem um bom livro te despertam o interesse, recorremos a um instrumento dos primórdios da humanidade chamada televisão que ás vezes, com o canal e horário certos, pode revelar boas surpresas.
Pôster do filme |
Há algumas semanas atrás, estava acontecendo lá no Japão um costume chamado Hanami (contemplar as flores),do qual as famílias japonesas e turistas se reúnem para festejar o florescimento das cerejeiras. Como é algo que só acontece uma vez por ano e se trata de um evento tradicional japonês, todos os canais de tv falavam nisso. E em um desses foi que eu encontrei o filme em questão - Kirschblüten Hanami, ou simplesmente Cerejeiras em Flor - um filme alemão lançado no Brasil no fim de 2009, que tem uma daquelas histórias que nós amamos ver, rever, chorar todas as vezes e ainda pedir bis.
"Achei que teríamos tempo...Se eu soubesse que seria assim tão de repente... eu faria, eu seria, eu..."
Sempre há nos bons filmes aquela frase de efeito que te faz efletir por horas a fio, e que mesmo depois de dias, você ainda fica com aquilo na cabeça como um eco perdido no subconsciente, dizendo que de certa forma, aquilo vai te acompanhar pra sempre.
A história do filme se passa quando Rudi se vê sozinho com a morte da esposa e com o abandono e indiferença dos filhos. Ao descobrir que o maior sonho de sua esposa era conhecer o Monte Fuji, Rudi parte para o Japão na tentativa de realizar os sonhos de sua esposa e com isso, descobre que a vida é muito mais do que pensava.
Todos nós sempre criamos a ilusão que certas coisas não irão acontecer com a gente. Mas elas acontecem, e você só se dá conta de tudo o que perdeu quando é tarde demais. Quantas vezes deixamos de fazer agora algo que queremos, por achar que no futuro teremos tempo de sobra pra realizar o que queremos, com quem queremos e do jeito que queremos?
Eu mesma, em minha curta vida de dezessete anos, já pensei em tantas coisas. Nos meus onze anos queria ir pra Nova York aos dezoito e ser cantora e atriz. Aos quatorze, queria ir a Londres estudar literatura. Aos dezesseis, eu iria pra UFPR fazer história e hoje, quero fazer audiovisual na USP. Amanhã posso mudar de planos, mas ainda haverá um futuro a planejar, uma esperança lá no fim do túnel que o futuro será bom e que estarei fazendo algo que eu amo, pois nunca pensei fazer algo por dinheiro ou pelos outros. O ruim é quando penso que nada pode sair como planejo, ou pior, se não haver nem futuro para que eu possa tentar.
O fato é que nos preocupamos tanto com o futuro e amamos tanto o passado, que esquecemos que o presente está aqui, implorando para você vivê-lo, chutar o balde, se assumir arcadista e gritar "Carpe Diem". Aproveitar as pessoas que amamos e os lugares que gostamos. A vida passa rápido demais e os bons momentos mais ainda. Talvez para aprendermos a dar o devido valor que eles merecem.
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Espero poder aproveitar o máximo meus pais que podem não estar aqui por muito tempo.
Espero poder aproveitar o máximo meus amigos, antes que a vida nos separem.
Espero poder aproveitar o máximo que posso a minha casa, meus cachorros e meus gatos.
Espero repetir meu prato preferido muitas vezes e conhecer outros pratos preferidos, ainda mais vezes.
Espero poder ler livro bons e ruins por mais tempo, ver filmes de classe B e dançar até o chão mais uma vez na vida. E rir depois pela situação ridícula. (anotem que um dos meus objetivo IN LIFE é fazer Marina dançar também, e conseguirei podem ter certeza)
Espero poder amar uma vez. E mais uma vez. E depois outra, e outra, e outra...
Rudi e Trudi |
Nas praias de Berlim |
Trudi e os filhos pós a morte da esposa. Os filhos o acham um fardo, e não tem tempo para o pai. |
Finalmente o Monte Fuji |
"Minha mulher era como uma tigresa... mas presa em uma jaula" |