mim dizer mas homem branco não escuta

18 de junho de 2013
Hoje, há meia hora atrás, eu e a minha turma do ensino médio visitamos uma aldeia indígena do norte do Espírito Santo. Se sei seu nome? Não, não o sei; posso ter ouvido meu professor falar brevemente o nome do qual os homens brancos nomeiam a aldeia, mas este não me interessa. 
  Penso que quando ainda há um nome próprio de certa forma  nossa identidade está com ele, mesmo que uma pequena parcela. O nosso "eu" pode ter sido roubado, estuprado, amaldiçoado, profanado em largos períodos históricos e ter tido seus direitos reduzidos, porém ainda este "eu" tem um nome e com ele  não esqueço de quem sou. 

E o que eu sou? Eu sou o índio!

O mesmo índio que viu minhas mulheres sendo estupradas por bárbaros que se intitulavam superiores ao meu povo. O mesmo índio que viu minhas casas sendo queimadas. O mesmo índio que ouviu as historias  de seus antepassados em vida, em guerra, em morte.
E esse mesmíssimo índio, esta aqui, recebendo os brancos, e os vendo tendo pena. Eu, vejo estes brancos fazendo perguntas sobre a minha cultura: a mesma que anos atras fora destruída por eles mesmos. Brancos que chegam em minha casa e olham com repulsa, tiram fotos com meus filhos como se fossem objetos de decoração para compartilhar em redes sociais e além disso, falam mal de nossas escolas - as mesmas que vocês brancos construíram para nos "educar" (na forma branca de educação).

Como somos hipócritas, nós os brancos. Que olhamos para a miséria, e rimos por ela andar descalça. Que quando olhamos uma desgraça em alguma mídia logo corremos para prestar votos de solidariedade no facebook, porém quando vemos uma frente a frente, a primeira coisa que fazemos quando viramos as costas é pensar no hotel de luxo e no banho de piscina que iremos tomar mais tarde. Que logo depois dizemos que quinta, sábado, segunda ou outro dia qualquer da semana, iremos participar de manifestos pelos nossos direitos, pelo nosso povo e nação, mas não nos damos conta que um retrato fiel da injustiça e da desigualdade foi visto há minutos atras, e que por ele ninguém luta e ninguém se importa. 
  Podemos tirar seus adornos e doar-lhes nossas roupas. Podemos até impor a nossa educação e rebaixar a deles a nada, podemos até deixá-los na miséria para que assim saiam de suas aldeias e façam parte do mundo capitalista. 
Mas o que não podemos tirar é o seu nome. Um dia ele pode se dispersar pelo tempo, ser esquecido ou perder seu sentido, porém ele existiu e com ele existiu uma história. Uma história que talvez poucos se importem, mas que reflete todo o pensamento de uma sociedade que se diz global, mas que não faz o mínimo de esforço para integrar aqueles que mais necessitam.

UPDATE: Como escrevi tudo pelo celular não deu para postar exatamente como queria. Mas não quero mudar nada porque isso ai expressou tudo o que eu sentia na hora. 
 No mesmo dia,fizemos um luau e tocaram "Índios" de Legião Urbana.Quem me dera ao menos uma vez mudar alguma coisa, fazer alguma coisa. Talvez a hora seja agora.  


2 comentários:

  1. É aquilo que nosso professor de geografia disse, depois de tudo que passaram ainda ficam dançando e cantando para nós como animais de circo a troco de "trocadinhos" como eles dizem. Ficou ótimo o seu post, parabéns.

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  2. Poxa Luiza, obrigada!! *_* Primeira vez que dá as caras por aqui ssasuha
    Sim, isso mesmo. O Fred é incrível.

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Sempre tento responder os comentários. Se quiserem ver a minha resposta, deem um checadinha!! ♥♥♥♥

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