meu ano literário

28 de dezembro de 2014
Fim de ano é tempo de ter todas aquelas listas enormes do que aconteceu, do que foi lido, do que não gostou, etc. Como eu não fujo da regra (ás vezes), resolvi fazer uma retrospectiva literária classificando alguns livros que li no decorrer de 2014 em categorias, algumas boas e outras, não. De modo geral, não tive muito tempo parar ler por causa dos estudos, sendo que meu único momento disponível eram as viagens de ônibus de casa para escola e da escola para casa. Li bastante livros de poesia e literatura brasileira, algo bem inédito; comecei a fazer espanhol esse ano, então peguei alguns daqueles livros de iniciante para ler; li até livros teóricos de linguagem por conta própria (!), e muito sobre ciência e religião.  No final, deixei literatura de lado e só li livros didáticos de História e Gramática, e no momento estou com uma ressaca literária daquelas, e não consigo nem terminar de ler "Feliz Ano Velho" #choremos

P.S: Se alguém quiser ler a lista completa de livros do ano, clique aqui.



 Ainda bem que foi mais de um
 (Melhor série que eu li em 2014)

Peguei emprestado a trilogia Millennium lá no início do ano, e apesar dos volumes serem todos gorduchos, terminei rapidinho porque PUTS GRILA QUE SÉRIE BOA! Os dois mistérios (no primeiro volume tem um, e no segundo e terceiro, outro) são bem construídos, e Lisbeth Salander fica na nossa cabeça por bastante tempo. Juro procês que eu fiquei terrivelmente aflita no final de "A Menina que Brincava com Fogo", e até agora paro e penso: uau, foi assim mesmo?  Eu ainda não vi nenhuma das adaptações para o cinema, mas todo mundo que viu diz que foi muito boa (porém, nenhuma delas leu o livro. Alguém que leu gostou do filme também? Me digam nos comentários!)
FICHA: Trilogia Millennium. Autor: Stieg Largsson, Suécia. Livros: "Os Homens Que Não Amavam As Mulheres" (2008), "A Menina Que Brincava Com Fogo" e "A Rainha do Castelo de Ar" (ambos em 2009).


Teenage Dream
(Melhor livro YA)

Não li muitos livros YA esse ano, mas creio que quem ocuparia esse cargo, independentemente, seria o  "The Fault In Ours Stars" do John Green.  Admito que não via muita graça no João Verde até então, mas o TFIOS mudou um pouquinho a minha opinião. Chorei, grifei, emprestei e tudo mais, até me identifiquei com algumas passagens do livro. De novo, tenho que tirar o chapéu para o autor por ter colocado referências literárias bem bacanas, como T.S Eliot, algo que sempre tem nos livros dele. Achei os personagens principais uma graça, não só como casal, mas como indivíduo, aqueles do tipo que dá para tirar algo para si: Hazel Grace tem uma personalidade incrível, Gus surpreende sempre com a sua vitalidade, e é óbvio que quando os dois se juntam é um suspiro atrás do outro.
FICHA: The Fault In Ours Stars (2012) ("A Culpa É Das Estrelas"). Autor: John Green, EUA. Outros livros do autor: Looking For Alaska, Paper Towns.




Não deu pra engolir
(O pior livro de 2014)

Apesar do meu ano literário ter sido muito bom, teve duas pedras no sapato que eu particularmente achei uma tortura: "Mentes Perigosas" foi uó, isso porque prometeu muito mas alcançou pouco. Além de ter dado aquelas informações clichês sobre psicopatas, como "eles são cruéis", "não sentem nada" etc., a autora escreve mal pra caramba, repete informações e conta histórinhas para boi dormir. De acordo com alguns exemplos que ela deu durante o livro, qualquer pilantra é psicopata, e nem devo dizer o meu horror em ver que no final foi coletado várias matérias de páginas da internet para compor "casos de psicopatia real". O livro não fala NADA de novo, não aprofunda em nada, não faz uma análise bem feita, e nem as histórias salvaram, puro sensacionalismo barato do tipo "Bota Abaixo'' ou programas semelhantes. Passem longe do livro! Garanto que a Wikipédia informa melhor sobre psicopatas do que ele.
 E não poderia faltar ele, "Inferno". Não posso pensar em um nome mais adequado a esse estrume literário, e olha que eu não ia com a cara do Dan Brown fazia um tempinho, mas nesse ele superou as minhas expectativas. O livro traz aquele roteiro que todo mundo já está cansado de ler: Robert Langdon com uma parceira linda, inteligente, tudo de bom numa paisagem histórica cheia de mistérios e altas aventuras, assassinatos, e blablabla, tudo isso numa escrita econômica que dá dó. OK, ISSO EU JÁ ESPERAVA. Mas, é sério, é um absurdo atrás do outro. O que é aquele final? Sério que alguém achou aquilo bom? Desnecessário, terrivelmente desnecessário. 
FICHA: "Mentes Perigosas" (2008). Autora: Ana Beatriz Barbosa Silva, Brasil. 
"Inferno" (2013). Autor: Dan Brown, EUA. Outros livros do autor: "O Código Da Vinci", "Anjos e Demônios"






De quadro em quadro
(A melhor HQ)


Não li quase nada de HQ esse ano (inclusive, voltei a ler gibis da Magali e Pato Donald hehe), mas felizmente tive uma surpresa bem agradável com "O Fantasma de Anya" que eu encontrei por acaso na livraria. Eu não conhecia nada da história, mas achei tão gostosa que li em uma viagem só. Ele possui um terror beem leve, lembra muito o estilo de "Coraline" que mesmo sendo infantil, não exita em possuir personagens apavorantes. 
FICHA: "Anya's Ghost". Autora: Vera Glost, Rússia. 


Ai, que susto!
(Melhor livro de Terror)

Poxa, poxa, não li nadinha de terror esse ano, o mais próximo foi "A História do Ladrão de Corpos", o quarto volume das "Crônicas Vampirescas" da tia Rice. Digo que foi o mais próximo porque teve vampiros e toda aquela tramoia sobrenatural de sempre, mas na verdade, o livro é bem humorado e o mais leve das Crônicas que eu li até hoje. Devo admitir que os diálogos entre Lestat e Cláudia sempre me davam arrepios, mas tenho certeza que era mais por causa da minha emoção falando mais alto (MEU DEUS, EU AMO LESTAT&CLAUDIA&LOUIS) do que pela tensão dos diálogos (ou uma combinação dos dois, vai saber!). Aliás, as Crônicas Vampirescas podem ser classificadas como terror, gente? Fico sempre em dúvida. Eu que sou cagona nunca fiquei com medo dos livros (apesar da adaptação de "Entrevista com O Vampiro" ter me assustado terrivelmente quando era pequena). 
Só uma pequena observação: li em algum lugar pela internet que estavam planejando fazer uma adaptação do livro. É verdade isso? Pra mim isso sim será um verdadeiro terror (as adaptações normalmente ficam uma @#$$%!)
FICHA: "The Tale of the Body Thief" (1992). Autora: Anne Rice, EUA. Outros livros da autora: "Entrevista com o Vampiro", "Rainha dos Condenados". 




Isso parece verdade
(Não Ficção)

Não só foi o melhor livro não ficção do ano, mas também poderia ter ganho como "O livro mais gostoso do ano" ou "o livro mais dia-frio-debaixo-das-cobertas", pois não teve coisa mais deliciosa do que ler  "Ai De Ti, Copacabana" e "200 Crônicas Escolhidas", ambos de Rubem Braga. O primeiro estava como leitura obrigatória para o Vest-Ufes,  o segundo veio de brinde quando eu comprei. Eu fiquei com uma vontade terrível de escrever crônicas desde então, me pego em alguma situação já escrevendo uma mentalmente. Esse talvez seja o maior legado deste livro para o seus leitores, faz a gente ver lirismo nas situações cotidianas e simples. O autor escreve de uma forma tão linda, mas tão linda! Chega a parecer uma poesia sem versos (prosa-poética)! Dá até orgulho em dizer que o autor é capixaba. Entrou para os meus livros preferidos da vida fácim, fácim. 
FICHA: "Ai De Ti, Copacabana!" e 200 Crônicas Escolhidas" (---). Autor: Rubem Braga, Brasil. 



Panela  velha é que faz comida boa
(Melhor Clássico da Literatura Universal)


Não foi só o melhor clássico do ano, mas "Os Trabalhadores do Mar" também foi meu primeiro Victor Hugo (e de quebra, já entrou para os favoritos da vida). Eu possuía uma tara sinistra pelo escritor sem ao menos ter lido UMA BIOGRAFIA NO WIKIPÉDIA sobre ele, por isso eu tinha a ideia convicta de que amaria seus livros incondicionalmente. Doideira, né? Pois bem, quando tive a oportunidade de ler esse livro, fiquei com uma expectativa enooorme, mas ao mesmo tempo com receios dele não atingi-las. Admito que demorei um pouco para pegar o ritmo de leitura, não por ser enfadonho, e sim por ter bastante descrições de seus personagens, chegando a ter capítulos e capítulos sobre eles, demorando para chegar a "verdadeira" história. Mas o livro foi me cercando aos poucos, acabei me acostumando e gostando das tais descrições e quando percebi já estava encantada pelo Gilliatt e toda a sua bravura, gentileza e bondade . E pra acabar com a minha vida, o final do livro é daqueles que fazem a Paloma chorar, chorar, chorar e amar terrivelmente! Como se não bastasse, a escrita de Victor Hugo (traduzida pelo gênio Machado de Assis) é maravilhosa: faz de cada cena um espetáculo, uma sinfonia de letras!
FICHA: "Les Travailleurs De La Mer" (1886). Autor: Victor Hugo, França. Outros livros do autor: "Os Miseráveis", "O Corcunda de Notre-Dame" 




Chorei de soluçar
(O Livro Mais Triste Do Ano)


Solucei no ônibus, solucei no quarto, solucei na mesa da escola, mas talvez onde eu mais solucei foi dentro de mim mesma e em silêncio (e tenho certeza que continuo). "Vidas Secas" foi assim: seco e rápido como um tiro e tão fatal quanto. Até agora se paro pra pensar nele, fecho a cara e engulo meu sorriso, e um sentimento estranho que eu não sei explicar vai tomando conta. Não sei se foi coincidência quando eu terminei de lê-lo eu ter ficado com sede, mas não era de água que eu precisava. Não era poética, nem bela; era um tristeza direta, seca, tão real que fez tremer meus joelhos. 
FICHA: "Vidas Secas" (1938). Autor: Graciliano Ramos, Brasil. Outros livros do escritor: "Angústia", "Garranchos".








O casal mais apaixonante



Acho que não tinha como ser outro casal além de Clémentine e Emma do HQ "Azul é a Cor Mais Quente" ocupar esse cargo. A história das duas é desenvolvida de forma linda, comovente, a gente torce pra dar certo e que as duas consigam superar todo o mal que as cercam; enfim, tudo aquilo que um casal precisa ter pra ser considerado o melhor do ano. Acho lindo toda a paciência que Emma possui esperando Clémentine se descobrir e respeitando suas dúvidas e inseguranças. A autora teve muito carinho ao escrever a HQ, e acharia magnífico se todos que possuem algum preconceito a lesse para acabar com isso de vez.
FICHA: "Le Bleu est une couleur chaude". Autor: Julie Maroh, França.  






                                      Virei a noite lendo

Eu tenho de confessar que eu AMO AMO AMO AMO AMO livros de cavalaria, mêi de Idade Média + povos bárbaros + Inglaterra + igreja e pagãos, e "O Último Reino" não deixou nada a desejar. Já ouvia falar muito sobre Bernard Cornwell, mas não esperava que iria gostar tanto logo de um livro que nem é o mai famoso dele. Não só fiquei a noite inteira lendo até o bendito terminar, como estou louca pra ler os seguintes.  O autor consegue misturar fatos históricos com uma aventura fictícia muito boa, parecendo até verossímil, e mostra que não é necessário pôr um dragão para o gênero ficar interessante (não estou criticando aqueles que possuem). Recomendo muito!! Uma das melhores leituras do ano. 
FICHA: "The Last Kingdom" (2004). Autor: Bernard Cornwell, Reino Unido. Outros livros: "O Rei do Inverno", "Azincourt". 




Decepção do ano



Já disse bastante sobre "Mentes Perigosas" por isso não vou me alongar muito, mas aho que vocês vão entender que quando alguém diz: "uaaaaau esse livro é essencial para a sua vida, você precisa ler, é de suma importância, caramba, caramba!!!!! leia LEIA LEIAAAAA!!!" e se depara com aquilo, não tem como não se decepcionar.


Livro irrelevante do ano

Não sei se foi o momento em que eu li, mas achei "Na Praia" um livro bem... tanto faz. Isso me deixou um pouco frustrada porque foi a minha primeira leitura do Ian McEwan, logo um escritor que muita gente que tem gosto literário parecido com o meu fala muito bem. Alguém aí que leu o livro tem uma opinião diferente que possa me convencer a relê-lo?? Não queria ficar com essa bad first impression.
FICHA: "On Chesil Beach" (2007). Autor: Ian McEwan, Reino Unido. Outros livros: "Reparação", "Serena". 






Soco no estômago
(Um livro que te surpreendeu)



Até agora não sei o que deu em mim para pegar emprestado a trilogia Jogos Vorazes, mas seja lá o que foi, tenho que agradecer. Quando dei por conta, já tinha terminado de ler o primeiro livro num passo, e os outros dois não foram diferentes. Gostei bastante, e concordo muito com o que a Vevs Valadares comentou sobre a série (aqui, com spoilers, a partir de 8:00min). Recomendo pra quem também tinha preconceito com a série. É óbvio, claro e evidente que os livros não são perfeitos, tem muita coisa que a gente diz "ai, é sério???" (tipo aquele epílogo aburdamente desnecessário), mas também tem muita coisa boa e no final o saldo foi positivo. Inclusive, só para entrar na minha coleção de "todo-mundo-odeia-e-eu-gosto", o meu preferido foi o terceiro, sim, aquele que todo mundo odiou k 
FICHA: "Hunger Games" (2008), "Catching Fire" (2009), "Mockingjay" (2010). Autora: Suzanne Collins, EUA. 























Melhor final



Achei o final do "O Segredo do Meu Marido" muito bom assim como o livro inteiro. Além do desenvolvimento da história ter levado de forma maravilhosa para o desfecho, o epílogo vem para tirar todo o folego que poderia ter restado - em uma única página. Eu fiquei pensando bastante nele no resto do dia, e tirei a conclusão que a vida é assim mesmo. 
FICHA: "The Husband's Secret" (2013). Autora: Liane Moriarty, EUA. 






Abandonei


A minha professora de literatura deu uma sinopse tão boa deste livro, que eu fui arriscar a leitura de "O Ateneu". Acabou que gostei mais do prólogo com a biografia do autor do que do próprio livro, e acabei largando no meio porque não sou obrigada. O livro não andava, era chato, narrativa cheia de firulas, lia, lia, e acabava não lendo nada. Decidi deixar pra lê-o quando estivesse com mais tempo e mais paciência. 
FICHA: "O Ateneu" (1888). Autor: Raul Pompéia, Brasil.






Morri de rir
(O livro mais engraçado de 2014)

Peguei na biblioteca da escola o livro "O Diário de Bridget Jones" e SENHOOOOOR quanto eu ri. Impossível não se identificar com a Bridget, pois a autora coloca tudo quanto e insegurança feminina em uma personagem cômica. Não só a protagonista, como todos os outros personagens são hilários (eu ainda choro de rir quando lembro da mãe da Bridget tendo crises). O mais bacana é ler um livro desses e perceber os aburdos que nós mulhers cometemos por causa da maldita insegurança. Fazer o que né?  Tanto o primeiro e o segundo livro (Bridget Jones no Limite da Razão) são sensacionais, e pretendo ler o terceiro em breve. Aliás, esses dois foram os primeiros chick-lit da minha vida, e eu fiquei bastante feliz por ter sido um livro que me deu vontade de ler mais o gênero. Alguém tem mais um pra indicar ai?
FICHA: "O Diário de Bridget Jones" e "Bridget Jones No Limite Da Razão". Autora: Helen Fielding.



Brasileiro com muito orgulho
(Melhor livro Nacional)

Bom, como eu já falei (e sobre o último citado, irei falar) de todos os seguintes livros nacionais que eu considerei os melhores, não vou me alongar: "Vidas Secas", "Ai de ti, Copacabana" e "Sentimentos do Mundo" foram para mim, os melhores livros nacionais que li esse ano. Aliás, todos eles entraram para a minha lista de "Favoritos da Vida". 



Um livro que todos gostaram menos eu

Já disse bastante coisa sobre o que achei deste livro, "Diário de uma Paixão" do meu odiado Nicholas Faísca. Surpreendentemente, ele não foi condecorado com o título de "pior do ano", mas com certeza ele merece estar nessa categoria aqui, visto que cerca de 90% das pessoas que eu convivo gostam do livro e do autor e eu não suporto (aliás, já tive algumas brigas por conta disso, porque eu não sou dessas que esconde a minha opinião por causa da maioria). Achei um livro mal escrito, história clichê, personagens mal construídos, diálogos bobos e uma pancada de parágrafos piegas chatíssimos. 
FICHA: "The Notebook". Autor: Nicholas Sparks. Outros livros do autor: "Querido John", "Um Amor Pra Recordar", "Galope do Amor", "Aconteceu em Nova York", "Aconteceu em Budapeste", "Aconteceu na Etiópia", "Qualquer título que dá vontade de voczzzZZZZzzzzZZZ"




Que seja eterno enquanto dure
(Melhor livro de poesia)


Li bastante livros de poesias esse ano, por isso tive que dividir o posto: "Pablo Neruda: Antologia Poética" foi nada mais, nada menos, que amor a flor da pele em casa verso. Fico impressionada como um homem pode traduzir de tal jeito o sentimento humano como Neruda, de uma forma tão sincera e pura. Vai e volta vêm os versos na minha cabeça, e tudo fica assim: triste, belo, sereno. Como o livro se trata de uma antologia, posso dizer que dentre as seleções, os poemas que eu mais gostei fazem parte do livro "20 Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada", e até agora eu fico de queixo caído com o título que sozinho já é pura poesia, bem do estilo Neruda: "Turva embriaguez do amor, tudo em ti foi naufrágio // Na infância de névoa minha alma alada e ferida. / Descobridor perdido, tudo em ti foi naufrágio!" ou "És como a noite, calada e constelada. / Teu silêncio é de estrela, tão longínquo e singelo.
E hoje, o meu novo poeta preferido me conquistou com "Sentimento do Mundo", literatura obrigatória da Fuvest que veio com tudo logo no primeiro poema, e foi só intensificando o sentimento com o decorrer da leitura. Acho engraçado até reparar que o livro coincidiu com a época mais esquerda da minha vida (isso não significa pouca coisa), e por isso caiu feito uma luva. Até agora me arrepio quando eu lembro dos dois primeiros versos iniciais: "Tenho apenas duas mãos / e o sentimento do mundo".
FICHA: "Pablo Neruda: Antologia Poética". Poeta: Pablo Neruda, Chile. 
"Sentimento do Mundo". Poeta: Carlos Drummond de Andrade, Brasil. 



Nunca vi um igual
(O livro mais "diferente")

Literatura obrigatória da Ufes, "Terra Sonâmbula" foi com certeza um dos livros mais diferentes que eu li na minha vida. E isso foi ótimo, porque eu o amei de paixão! O livro possui uma história bem singular, possuindo dois focos narrativos que vão se alternando entre capítulos. Tanto nos cadernos de Kindzu, quanto na caminhada de Tuahir e Muidinga, a tradição moçambicana ainda está presente mesmo durante uma guerra civil,  e ela é escrita com muito respeito,  o que demonstra o grande amor que o autor tem por sua terra. O místico aparece na história de uma forma muito natural e singular, parecendo ás vezes se tratar de um mundo paralelo ao nosso; mas na verdade se trata de um recheio de superstições, lendas e sabedoria de um povo que se funde com a vida de sua população.  Genial! Fiquei com muita vontade de ler mais coisas do autor. 
Outro livro que eu achei bem singular, foi o ''Mr. Gwyn''. A história de um escritor que ficou saco cheio de tudo não é nenhuma novidade, mas o jeito da história se desenrolar, sim. Arrisco dizer que se trata de um livro bem lírico, tem uma escrita bem singela, e a história é uma graça. A gente não quer largar o livro porque queremos saber o que Gwyn está fazendo, mas ao mesmo tempo não queremos saber pois isso é o que menos importa no livro. Na verdade, não queremos largá-lo porque o jeito como é descrita as pessoas é muito bonito e delicado, e os personagens muito cativantes. Concordo com Corriere della Serra quando definiu o livro: "A ousadia de Baricco é ter escrito um livro sobre a possibilidade de desaparecer, com o objetivo de se reencontrar."  
FICHA: "Terra Sonâmbula". Autor: Mia Couto, Moçambique. Outros livros: "O Outro Pé da Sereia", "O Ultimo Voo do Flamingo".
"Mr. Gwyn". Autor: Alessandro Baricco, Itália.




O melhor livro de 2014

Eu já disse um pouquinho sobre ele noutro tópico, mas reservei a maior parte do meu amor por este livro aqui no final. "Sentimento do Mundo" foi sem sombra de dúvida, a melhor leitura de 2014. Os poemas tristes e melancólicos, cheios de amargura e doçura, desesperança com esperança; me fizeram olhar para as coisas de modo diferente, entender tantas outras, e compartilhar ainda mais o sentimento coletivo, o sentimento do mundo. Só sei que a cada fim de poema era uma vontade de chorar, e quis adiar o término da leitura para o maior tempo possível: queria apreciar cada verso, estrofe e rima, para assim durar para sempre. Hoje percebo que todos os poemas continuam em mim, soando aqui dentro (o que convenhamos, é o mais importante). Mesmo sendo escritos em uma época conturbada (durante o Estado Novo e a Segunda Guerra), Carlos Drummond conseguiu traduzir todo o sentimento atemporal de desolação perante as injustiças humanas, e o desespero daqueles que aparentemente não podem fazer nada para evitar. 
Por fim, deixo aqui um poema para fechar o post, assim, de mãos dadas:


Não serei o poeta de um mundo caduco.

Também não cantarei o mundo futuro.

Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.




aquele dez de novembro

22 de dezembro de 2014
Ou: o dia que mais pocou em 2014

Faz mais de um mês quando aconteceu o momento mais feliz da minha vida. Creio que posso afirmá-lo com tal pois foi a primeira vez que parei, olhei para os lados e senti tanta felicidade ao ponto de anunciar em palavras garrafais: foi  momento mais feliz da minha vida! 

Devido a tanta correria, cheia de prova pra lá, revisão pra cá, aula extra ali, mundo acabando acolá; fui adiando cada vez mais um dos posts que eu mais gostaria de escrever, e com isso, detalhes que eu queria muito ter preservado, acabaram indo para um lugar chamado "limbo cerebral". Mesmo assim, achei que valeria a pena escrever mesmo faltando alguns pedaços. 

Quando surgiu o boato que Paul McCartney poderia se apresentar em Cariacica (Grande Vitória), a minha primeira reação - e creio que de boa parte dos capixabas -, foi dar uma boa risada. Um ex-beatle aqui? Um show grande, aqui? Alguém se lembrando que AQUI existia?

Mas apesar do pouco crédito, admito que fiquei um tanto excitada com a possibilidade. Alguns dias depois, o show foi confirmado, e eu tive um mix de emoções muito sinistro: de um lado eu estava super feliz porque, lógico, o Paul viria para Vitória; porém, estava sem grana e eu odeio terrivelmente pedir dinheiro para o papai. Esperei e esperei por um esquema que acabou não dando certo, e por isso, no fim, não teve jeito: meu pai foi o grande salvador. 


***

Na manhã seguinte do pedido, corri pro banco para saber que todo o sistema da Caixa estava fora do ar e sem previsão de volta. AI-MEU-OVO! Aquele bad
feeling de que provavelmente vai dar errado se apoderou do meu estômago que começou a roncar de fome porque nem dinheiro para o almoço eu tinha.
MAS OK. AINDA HAVIA O DIA TODO PARA O SISTEMA VOLTAR E EU SACARIA O DINHEIRO NO SHOPPING. SHOW (sem trocadilhos!).
Como a tal loja que vendia os ingressos fechava às oito, o plano demandava uma logística específica. Logo, o plano era:

1- Sair na quarta aula (17:30);
2- Passar na casa de Gabriel para pegar o mundo que eu havia esquecido na casa dele;
3- Ir pro shopping sofrendo de rápido.

Esse horário é famosinho por ser caótico na terceira ponte QUE ADIVINHEM lá eu estaria. Depois de dois ônibus lotados e um bom tempo parado na cabeça da bendita, finalmente estávamos indo pro terminal e chegando no limite do permitido.

Mas a adrenalina, ela não para!

Uma filinha nada amistosa esperava pela gente. "Que beleza, vou ficar sem ingresso! fica ai na fila que eu vou procurar um caixa eletrônico." E lá fui eu. Cheguei no segurança e pedi pelo banco 24 horas que jamais viria: "Ainda não temos caixa eletrônicos no shopping."
Não devo nem dizer como doeu. Doeu pra caramba. Achei que não ia dar. Até amanhã os ingressos provavelmente esgotariam. É até difícil explicar, mas fiquei mal a noite toda, foi aquele drama de chorar no banho e tudo. Apesar de já ter dezoito, me permiti sentir aquela vibe adolescente de "tudo dá errado pra mim!!111". :((

Depois de uma noite do tipo "não tá fácil pra ninguém", corri para o shopping daquele jeito "mêi": mêi sem expectativas, mêi "vai que dá".  Apesar da fila anda maior que a noite anterior, para a minha felicidade a pista universitária estava livre, leve e solta, e saí com os meus ingressos na mão dando pulinhos de felicidade. EU VOU VER O PAUL MCCARTNEY! AAAAAAAAHHH



Primeiro de tudo, tenho que ressaltar que fiz o ENEM pensando em "como irei pra esse bendito show?". Para meu alívio, meus tios acabaram me levando, o que foi muito bom pois tive carona para ir e para voltar. Saímos de Vendo Nova umas quatro horas e chegamos no local do show mais ou menos seis e meia. 

Para a minha surpresa, a pista universitária era melhor que as arquibancadas e não tinha fila, PORÉM, havia algo gigante que bloqueava parte da visão da pista. Ainda tenho muita vontade de xingar quem teve a ideia de pôr aquilo lá, mas como cheguei cedo consegui encontrar um lugar que não estava comprometido. 

Acho importante citar o fato que esse foi o meu primeiro show grande. Fui meio despreparada: não levei câmera, celular, comida, nem água. Como todos os meus amigos foram na arquibancada ou na pista normal, acabei ficando forever alone na universitária. Fiquei em pé nas duas horas e meia seguintes, com a barriga roncando, as pernas já doendo, e com a boca seca, mas isso tudo foi compensado quando finalmente o Paul entrou no palco, 21h em ponto. Eu já imaginava que a emoção seria grande, mas quando vi um paletó azul de longe andando e cantando "Eight Days  A Week", juro procês que eu tive aquilo que a minha avó chama de piripaque. A força veio sei lá de onde, e algo que definitivamente deveria ser estudado pela medicina curou as dores da minha perna. Só sei que eu estava dançando, pulando, gritando, cantando, chorando, tudo ao mesmo tempo, e até agora não sei como eu não desmaiei quando ele disse: "BOA NOITE, VITÓRIA!!!!1!1!!!!!!".




Daí em diante, só coisa boa. Não preciso dizer o quanto pirei quando o Paul disse "é MARA estar no Brasil de novo" (é isso mesmo, MARA!!!!) ou ainda "Esse show está POCANDO!!" CHOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORA, PALOMINHA. 

Talvez o meu momento preferido do show tenha sido quando o Paul cheio de postura começou, sozinho, a cantar e tocar "Something" que nem em meus sonhos mais românticos, eu imaginei que entraria na playlist. Chorava eu, a moça do lado, a plateia inteira. Eu não preciso nem dizer que "Blackbird" fez até o coração mais contido se desmanchar inteiro, e eu acredito que não teve uma alma viva que, mesmo após duas horas de show seguidas, não acompanhou o Paul no Na Na Na em "Hey Jude". 

O primeiro Encore foi tão bom, mas tão bom, que mesmo estando exausta, eu queria mais e mais. Não suportei a ideia do término quando o ultimo Na foi dado. Pedi tantas vezes para o Paul voltar que quando me abri os olhos, ele lá estava com as bandeiras do Brasil e do Reino Unido, voltando com tudo para cantar "Day Tripper" e mais duas musicas. Fui para os céus. 

E por fim, quando ele saiu pela segunda vez, e realmente acreditei que ele não viria de novo, lá está ele, sozinho no palco, e para minha maior felicidade, cantando "Yesterday" e acabando com o meu coração de vez. Mas que velhinho danado, brincando com o coração das mina assim. O show terminou definitivamente com um Encore puramente Beatles. Não teve fogos como em "Live Let Die", lá no fim da primeira parte do show, quando todo mundo achava que iria terminar. Acho que assim faz até mais sentido, visto que fogos são para comemorar, e definitivamente, o fim de um dos melhores momentos da minha vida não era algo para ser celebrado, e sim sentido e colocado na memória, abraçado e ao mesmo tempo lamentado com todas as forças pelo meu peito.

Fiquei na magia pós show nos próximos três dias, ainda não acreditando como um homem de mais de 70 anos pode ser tão incrível ao ponto de tocar diversos instrumentos, cantar, falar português, e não tomar UM GOLE D'ÁGUA num calor de TRINTA GRAUS por duas horas seguidas; ainda não acreditando em simplesmente: eu vi o Paul McCartney. Aliás, têm vezes que paro para pensar se tudo isso aconteceu mesmo ou se foi só um sonho bom.  

                                                           ***

CONCLUSÕES FINAIS:

1. Fiquei extremamente arrependida de não ter levado nenhuma câmera pro show orque não  guardei de recordação nenhuma foto ou filmagem. Fiquei com medo de ser roubada ou perder, aí achei melhor não levar nadinha. Acabei vendo que todo mundo levou as suas paradas numa boa e só eu que era a medrosa e inexperiente;
2. Fiquei sozinha a deriva no show. Apesar de ter sido muito bom, tenho a impressão que teria sido mil vezes melhor se eu estivesse com alguém;
3. No próximo show que eu for, levarei água e comida até a minha bolsa rasgar;
4. Vale a pena pagar mais caro por um lugar realmente bom; 
5. Seu ídolo falando a sua língua, com as gírias do seu estado, é quase tão bom quanto as músicas em si;
6. O Paul continua um pitelzinho. Sem mais. 


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