2016: o que assisti, li e ouvi.

24 de dezembro de 2016
Já estamos naquela época do ano, quando as passas são postas no arroz e sua caixa de e-mail está lotada de spam da Saraiva. Depois de uns cinco (?) meses sem aparecer, vim aqui para mostrar que esse blog ainda não morreu, que eu resisto na blogsfera, ou melhor, que eu resisto na blogsfera com UM BLOG PESSOAL, algo que está ficando cada vez mais raro, pois infelizmente nossos afazeres cotidianos nos impedem manter algo tão querido que você só faz por diversão, sem grandes ambições de se tornar um mega influencer digital (e deus me livre disso, amém!). Falo sobre porque nesses meses em que sumi, muitos blogs que eu acompanhava acabaram, e a vida é assim mesmo, mas eu vou continuar aqui #resistindo, mesmo que seja postando uma vez a cada quatro, cinco ou seis meses.

Achei bem apropriado voltar falando sobre o que eu assisti, li e ouvi em 2016, ainda mais que já é tradição eu fazer uma certa retrospectiva cultural das coisas que eu gostei ou não no decorrer do ano. Como a minha vida acadêmica também influenciou (e muito) no meu tempo para conhecer coisas novas e acompanhar as que eu já conhecia, minha lista ficou bem magrinha. Portanto, achei mais condizente com a situação comentar tudo num post só, e não fazer um para cada categoria como eu fazia e como seria o ideal para deixar tudo mais detalhado e completo - ás vezes, ser sucinta é até melhor. Sem muitos delongas, aí vai minha humilde listinha:

Terminei de assistir House of Cards, uma das minhas séries favoritas, sendo a quarta temporada um ABSURDO de tão boa. Eu já gostava muito da Claire, mas nas duas últimas temporadas ela cresceu bastante e descobrimos mais coisas sobre seu lado pessoal, além dela própria se firmar e mostrar para o Frank o quanto ela é importante e que não estará mais em segundo plano. Um outro personagem incrível que cresceu muito aos meus olhos foi o Doug, que se revelou mais maluco do que eu esperava, e adorei. E por último, não consigo não deixar de comentar esse teste maravilhoso que fizeram mostrando as semelhanças entre a nossa conjuntura política atual  com o seriado, façam e se surpreendam (vamos ficar ligados nas próximas temporadas, quem sabe já teremos algumas previsões de como será 2017). 

Outra série vista por indicação  e que me surpreendeu muito positivamente foi Vikings, e meus amigos, larguem logo Game of Thrones que cada dia vai por água a baixo e comecem a ver essa série maravilhosa. Só por se tratar de uma história na Idade Média mostrada por um ponto de vista nada usual já a torna fascinante, mas Vikings vai além, nos trazendo personagens cativantes (meu coração ainda bate por vocês, Lagertha e Athelstan) e com dilemas legítimos. Também não posso deixar de comentar, por mais óbvio que seja, todos os choques culturais presentes, o debate religioso, fatos históricos e toda a mitologia e cultura nórdica que é fascinante. Recomendo com força!

Por fim, revi algumas temporadas de Gilmore Girls porque me deu saudade, e como o revival estava marcado para um dia depois do meu  aniversário, usei isso como desculpa para "relembrar" e não ficar perdida (como seu eu não lembrasse muito bem de tudo o que aconteceu). Acabou que eu ainda não assisti os novos episódios porque não deu tempo mesmo, mas provavelmente nessas férias eu conseguirei vê-los.



Filmes, por outro lado, me lembro de poucos. Não porque não tenha visto nenhum bom, muito pelo contrário, é mais porque na minha cabeça fica tudo muito confuso e nunca sei se vi esse ano ou em 2015. Sei que vi "Deus da Carnificina" (Roman Polanski) que foi uma comédia (!!!!!) muito maravilhosa, e eu não esperava gostar tanto. As atuações são impecáveis e o grande trunfo do filme, mas o roteiro também é sensacional, com diálogos divertidíssimos. É muito difícil eu achar graça de qualquer coisa, mas juro, dei gargalhadas. Num estilo semelhante, vi o filme francês "Le Prénom" (Matthieu DelaporteAlexandre de La Patellière) que também é bem engraçado, com boas atuações e diálogos. Esses dois filmes são baseados em peças teatrais, e isso é muito nítido, pois ambos são filmados somente em um cômodo. 

Dos filmes do Óscar, sei que vi uma boa parte, mas eu só me lembro de alguns (emuito pouco, vi no começo do ano, me perdoem). Eu surpreendentemente gostei de Mad Max (!!!), logo eu que sou avessa a qualquer filme de ação; fiquei muito apaixonadinha pelo filme Brooklyn pois me identifiquei bastante com a situação da personagem principal e fiquei muito agoniada com "O Regresso" (e vibrei com a internet inteira o prêmio de melhor ator para meu crush de infância, Léo DiCaprio). O filme que eu mais gostei da sessão "óscar" foi "O Quarto de Jack" porque retratou não a violência mas a vida após a violência, e as atuações dos dois atores principais são impecáveis. 

Também vi, lógico, Aquarius. Vou me abster de comentar muito sobre esse filme, pois sinto que tudo o que tinha de ser dito sobre esse ele já foi mais do que comentado em outros lugares e por pessoas com muito mais culhão do que eu. Vou admitir que tanto falaram sobre, tanto os meus amigos (uns cinco, eu acho) insistiram pra eu ver logo, que acabei gostando e foi só, não tenho muito o que dizer mesmo, faltou a onda de feelings. Entendo muito bem a importância do filme, o problema não foi esse (na verdade, não tem problema algum).  Revê-lo-ei (mesóclises, mesóclises, MESÓCLISEEES) algum dia. 

Bem no finalzinho do ano, vi "My Blueberries Nights" (me recuso colocar seu nome em português) que é um romance muito gostoso e com uma fotografia lindíssima. Também cá pro final, vi "Animais Fantásticos e Onde Habitam" e devo dizer que o meu coração se encheu de sentimentos potterísticos. Eu não fazia ideia do quanto que eu estava com saudades de ir ao cinema ver Harry Potter e sentir toda aquela coisa de fã maravilhosa. Eu gostei muito, acho que será uma boa franquia, tem alguns defeitinhos, mas vida que segue - estou preferindo amar coisas.














No quesito leituras, 2016 também foi um ano de vacas magras. Li trinta livros (inclusive teóricos), e apesar de saber que se trata de uma boa quantidade no mundo real, vivo no meio de gente (inclusive eu mesma) que lê 40, 60 ou até mesmo 100 livros por ano, então, devo admitir que fiquei meio pra baixo com a minha marca, mas foi o que deu pra fazer. A lista completa pode ser conferida no meu skoob, mas aqui só vou comentar os que eu mais gostei de ler.

Comecei o ano terminando (!) o último volume da biografia do Getúlio Vargas escrita pelo maravilhoso Lira Neto. Eu sei a história desse período de cabo a rabo (os eventos mais importantes, lógico), pois é o meu período histórico brasileiro preferido, mas mesmo assim, o livro conseguiu tirar o meu fôlego ao ponto de não querer largas as últimas páginas pra saber o que iria acontecer no final (???). Na verdade, o charme da trilogia biográfica não é os fatos: é a escrita,  que é simplesmente fantástica. Neto mereceu todos os prêmios que recebeu. 

Depois eu tive contato com duas escritoras maravilhosas: Sylvia Plath, com "A Redoma de Vidro" e Virginia Woolf, "Mrs. Dalloway". Já comentei um pouco sobre as duas obras e as minhas impressões em um outro post, por isso não me alongarei muito, mas quero enfatizar que as duas são maravilhosas e que pretendo relê-las sempre. Continuando no tema "autoras", li "A Elegância do Ouriço" de Muriel Barbery, que me marcou tanto por motivos pessoais quanto pela qualidade do livro. O enredo por si só é bem diferente de tudo que eu havia visto e ele é escrito de uma maneira muito delicada, bonita e irônica (!), com diversas passagens bastantes reflexivas sobre a nossa sociedade, a vida, amor... 

"Eu não queria tirar a foto porque sabia que ia chorar. Eu não sabia o motivo, mas sabia que se qualquer pessoa falasse comigo ou me olhasse de perto as lágrimas pulariam dos meus olhos e os soluços pulariam da minha garganta e eu choraria por uma semana. Podia sentir as lágrimas se acumulando e se agitando, como água na borda de um copo cheio e instável." (A redoma de vidro)

Porém, no primeiro semestre desse ano, o livro que me pegou de jeito foi "Jonathan Strange & Mr. Norrel" da Suzanna Clarke - foram as novecentas páginas mais rápidas do mundo! Que livro delicioso! A história é muito bem trabalhada e divertida, e os personagens são muito cativantes - o cavalheiro com cabelos de algodão talvez seja o meu personagem preferido de 2016. Eu queria muito falar sobre o enredo rapidamente, mas tenho a impressão que qualquer descrição sucinta desse livro iria parecer bobo, então recomendo muito fortemente que vejam esses vídeos (1 - sem spoilers - , 2 - com spoilers -) da Vevs Valadares para terem uma noção real do que o livro trata.



E tem série da BBC!! 























 no segundo semestre, quem conquistou o meu coração foi outro calhamaço de mil e duzentas páginas chamado "David Copperfield" do melhor dos melhores Charles Dickens. O enredo básico acho que todos conhecem: uma autobiografia do personagem fictício David Copperfield que narra desde o seu nascimento até a sua velhice. Ação central, o livro não tem - ele é recheado de histórias paralelas de outros personagens, e assim como a vida real, o protagonista vive e vivencia diversos infortúnios e alegrias. Mas a chave é, sem duvida nenhuma, a escrita (assim como todo o bom livro). Eu seria uma pessoa mais feliz se conseguisse escrever com a metade da qualidade que Dickens consegue - ele faz com que a descrição de uma mesa seja fascinante.

Ademais, para não me alongar nesse tópico, algumas menções honrosas de outros livros que gostei muito: "O Corcunda de Notre Dame" do Vitor Hugo, "O Velho e o Mar" de Ernest Hemingway, "Contos de Fadas" (variados, Zahar), "A Insustentável Leveza do Ser" Milan Kundera e "Claro Enigma", Drummond.  


O último assunto que quero explorar é o musical. Esse ano, curiosamente, voltei a ouvir muita coisa que tinha parado desde o ensino médio, como Oasis e Coldplay. No primeiro, comecei a ouvir algumas musicas que eu não costumava ouvir na adolescência, conhecendo algumas mais desconhecidas. E também fiz questão de baixar a discografia, algo que eu enrolava há anos - sou uma negação pra ouvir descografias e álbuns inteiros, mesmo sendo uma das minhas bandas preferidas. O segundo, eu ouvi muito o álbum X&Y, que sempre era ofuscado pelo A Rush of Blood To The Head. Acho que se trata de um disco mais intimista, ainda com traços experimentais bem salientes, condizendo mais com o meu espírito atual. 

Por fatores externos, comecei a conhecer um pouco mais sobre o samba, e duas figuras marcaram mais o meu imaginário: Chico Buarque e Cartola. Eu já tinha parado pra ouvir os dois na adolescência, quando eu estava numa vibe meio bossa-nova, gostei, mas não fui muito afundo. Agora estou bastante encantada e pretendo aprender um pouco mais sobre o gênero. Na verdade, estou querendo me aprofundar um pouco mais na música brasileira, coisa que eu nunca fiz. Além do Chico e do Cartola, também ouvi muito Tim Maia, principalmente da fase "racional", e caí de quatro pelo Renato Russo cantando italiano em "Equilíbrio Distante", um álbum que a minha mãe tem há anos e que eu nuca tinha parado pra ouvir realmente.

Apesar de tudo o que ouvi ter sido realmente bom, o que realmente conquistou o meu coração foi, sem dúvida alguma, Belle and Sebastian. É aquele tipo de música que eu gostaria de ter feito, que com certeza seria meu estilinho se eu tivesse uma banda ou começasse a cantar #planos. Todas as músicas são uma delícia, um tanto melancólicas mas ao mesmo tempo felizes, gostinho de nostalgia, e aquela sensação de se sentir num filme. Como eu disse, não tenho mania de procurar discografias e ouvir todos os álbuns, mas com Belle and Sebastian eu fiz questão e não achei nenhum álbum ruim. O meu preferido, até agora, é o "Write About Love", que inclusive tem participação especial de Norah Jones. Minhas músicas favoritas do álbum são: I Didn't See It Coming, I Want The World to Stop, Little Lou Ugly Jack Prophet John, Write About Love, I Can See Your Future, Sunday's Pretty Icons.



Menção honrosa: Fleet Foxes, que eu gostei bastante, mas logo depois conheci Belle and Sebastian e todas as minhas atenções foram pra eles. Desculpe o vacilo. 

Conclusões:

2016, apesar de ter sido um ano muito agitado e cheio de compromissos, me fez conhecer e ter vontade de conhecer. Mesmo a lista não tendo sido muito grande, me arrisquei em novos gêneros musicais, ri com comédias, li autores que nunca tinha lido e me aprofundei em coisas que eu já gostava, mas não tinha muita paciência pra ir além. Isso é um reflexo muito positivo do que eu fui esse ano, uma pessoa que estava muito presa de diversas formas por estar em uma cidade nova e que se fechava em si mesma, coisa que foi mudando por diversos fatores que eu agradeço profundamente por terem acontecido e por eu ter tido coragem de ter tomado as decisões que me levaram a eles. Continuo com esse espírito e espero muito que ele permaneça em 2017, agora com mais tempo livre e eu sendo um pouco mais organizada pra tudo acontecer. 

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