aquele dez de novembro

22 de dezembro de 2014
Ou: o dia que mais pocou em 2014

Faz mais de um mês quando aconteceu o momento mais feliz da minha vida. Creio que posso afirmá-lo com tal pois foi a primeira vez que parei, olhei para os lados e senti tanta felicidade ao ponto de anunciar em palavras garrafais: foi  momento mais feliz da minha vida! 

Devido a tanta correria, cheia de prova pra lá, revisão pra cá, aula extra ali, mundo acabando acolá; fui adiando cada vez mais um dos posts que eu mais gostaria de escrever, e com isso, detalhes que eu queria muito ter preservado, acabaram indo para um lugar chamado "limbo cerebral". Mesmo assim, achei que valeria a pena escrever mesmo faltando alguns pedaços. 

Quando surgiu o boato que Paul McCartney poderia se apresentar em Cariacica (Grande Vitória), a minha primeira reação - e creio que de boa parte dos capixabas -, foi dar uma boa risada. Um ex-beatle aqui? Um show grande, aqui? Alguém se lembrando que AQUI existia?

Mas apesar do pouco crédito, admito que fiquei um tanto excitada com a possibilidade. Alguns dias depois, o show foi confirmado, e eu tive um mix de emoções muito sinistro: de um lado eu estava super feliz porque, lógico, o Paul viria para Vitória; porém, estava sem grana e eu odeio terrivelmente pedir dinheiro para o papai. Esperei e esperei por um esquema que acabou não dando certo, e por isso, no fim, não teve jeito: meu pai foi o grande salvador. 


***

Na manhã seguinte do pedido, corri pro banco para saber que todo o sistema da Caixa estava fora do ar e sem previsão de volta. AI-MEU-OVO! Aquele bad
feeling de que provavelmente vai dar errado se apoderou do meu estômago que começou a roncar de fome porque nem dinheiro para o almoço eu tinha.
MAS OK. AINDA HAVIA O DIA TODO PARA O SISTEMA VOLTAR E EU SACARIA O DINHEIRO NO SHOPPING. SHOW (sem trocadilhos!).
Como a tal loja que vendia os ingressos fechava às oito, o plano demandava uma logística específica. Logo, o plano era:

1- Sair na quarta aula (17:30);
2- Passar na casa de Gabriel para pegar o mundo que eu havia esquecido na casa dele;
3- Ir pro shopping sofrendo de rápido.

Esse horário é famosinho por ser caótico na terceira ponte QUE ADIVINHEM lá eu estaria. Depois de dois ônibus lotados e um bom tempo parado na cabeça da bendita, finalmente estávamos indo pro terminal e chegando no limite do permitido.

Mas a adrenalina, ela não para!

Uma filinha nada amistosa esperava pela gente. "Que beleza, vou ficar sem ingresso! fica ai na fila que eu vou procurar um caixa eletrônico." E lá fui eu. Cheguei no segurança e pedi pelo banco 24 horas que jamais viria: "Ainda não temos caixa eletrônicos no shopping."
Não devo nem dizer como doeu. Doeu pra caramba. Achei que não ia dar. Até amanhã os ingressos provavelmente esgotariam. É até difícil explicar, mas fiquei mal a noite toda, foi aquele drama de chorar no banho e tudo. Apesar de já ter dezoito, me permiti sentir aquela vibe adolescente de "tudo dá errado pra mim!!111". :((

Depois de uma noite do tipo "não tá fácil pra ninguém", corri para o shopping daquele jeito "mêi": mêi sem expectativas, mêi "vai que dá".  Apesar da fila anda maior que a noite anterior, para a minha felicidade a pista universitária estava livre, leve e solta, e saí com os meus ingressos na mão dando pulinhos de felicidade. EU VOU VER O PAUL MCCARTNEY! AAAAAAAAHHH



Primeiro de tudo, tenho que ressaltar que fiz o ENEM pensando em "como irei pra esse bendito show?". Para meu alívio, meus tios acabaram me levando, o que foi muito bom pois tive carona para ir e para voltar. Saímos de Vendo Nova umas quatro horas e chegamos no local do show mais ou menos seis e meia. 

Para a minha surpresa, a pista universitária era melhor que as arquibancadas e não tinha fila, PORÉM, havia algo gigante que bloqueava parte da visão da pista. Ainda tenho muita vontade de xingar quem teve a ideia de pôr aquilo lá, mas como cheguei cedo consegui encontrar um lugar que não estava comprometido. 

Acho importante citar o fato que esse foi o meu primeiro show grande. Fui meio despreparada: não levei câmera, celular, comida, nem água. Como todos os meus amigos foram na arquibancada ou na pista normal, acabei ficando forever alone na universitária. Fiquei em pé nas duas horas e meia seguintes, com a barriga roncando, as pernas já doendo, e com a boca seca, mas isso tudo foi compensado quando finalmente o Paul entrou no palco, 21h em ponto. Eu já imaginava que a emoção seria grande, mas quando vi um paletó azul de longe andando e cantando "Eight Days  A Week", juro procês que eu tive aquilo que a minha avó chama de piripaque. A força veio sei lá de onde, e algo que definitivamente deveria ser estudado pela medicina curou as dores da minha perna. Só sei que eu estava dançando, pulando, gritando, cantando, chorando, tudo ao mesmo tempo, e até agora não sei como eu não desmaiei quando ele disse: "BOA NOITE, VITÓRIA!!!!1!1!!!!!!".




Daí em diante, só coisa boa. Não preciso dizer o quanto pirei quando o Paul disse "é MARA estar no Brasil de novo" (é isso mesmo, MARA!!!!) ou ainda "Esse show está POCANDO!!" CHOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORA, PALOMINHA. 

Talvez o meu momento preferido do show tenha sido quando o Paul cheio de postura começou, sozinho, a cantar e tocar "Something" que nem em meus sonhos mais românticos, eu imaginei que entraria na playlist. Chorava eu, a moça do lado, a plateia inteira. Eu não preciso nem dizer que "Blackbird" fez até o coração mais contido se desmanchar inteiro, e eu acredito que não teve uma alma viva que, mesmo após duas horas de show seguidas, não acompanhou o Paul no Na Na Na em "Hey Jude". 

O primeiro Encore foi tão bom, mas tão bom, que mesmo estando exausta, eu queria mais e mais. Não suportei a ideia do término quando o ultimo Na foi dado. Pedi tantas vezes para o Paul voltar que quando me abri os olhos, ele lá estava com as bandeiras do Brasil e do Reino Unido, voltando com tudo para cantar "Day Tripper" e mais duas musicas. Fui para os céus. 

E por fim, quando ele saiu pela segunda vez, e realmente acreditei que ele não viria de novo, lá está ele, sozinho no palco, e para minha maior felicidade, cantando "Yesterday" e acabando com o meu coração de vez. Mas que velhinho danado, brincando com o coração das mina assim. O show terminou definitivamente com um Encore puramente Beatles. Não teve fogos como em "Live Let Die", lá no fim da primeira parte do show, quando todo mundo achava que iria terminar. Acho que assim faz até mais sentido, visto que fogos são para comemorar, e definitivamente, o fim de um dos melhores momentos da minha vida não era algo para ser celebrado, e sim sentido e colocado na memória, abraçado e ao mesmo tempo lamentado com todas as forças pelo meu peito.

Fiquei na magia pós show nos próximos três dias, ainda não acreditando como um homem de mais de 70 anos pode ser tão incrível ao ponto de tocar diversos instrumentos, cantar, falar português, e não tomar UM GOLE D'ÁGUA num calor de TRINTA GRAUS por duas horas seguidas; ainda não acreditando em simplesmente: eu vi o Paul McCartney. Aliás, têm vezes que paro para pensar se tudo isso aconteceu mesmo ou se foi só um sonho bom.  

                                                           ***

CONCLUSÕES FINAIS:

1. Fiquei extremamente arrependida de não ter levado nenhuma câmera pro show orque não  guardei de recordação nenhuma foto ou filmagem. Fiquei com medo de ser roubada ou perder, aí achei melhor não levar nadinha. Acabei vendo que todo mundo levou as suas paradas numa boa e só eu que era a medrosa e inexperiente;
2. Fiquei sozinha a deriva no show. Apesar de ter sido muito bom, tenho a impressão que teria sido mil vezes melhor se eu estivesse com alguém;
3. No próximo show que eu for, levarei água e comida até a minha bolsa rasgar;
4. Vale a pena pagar mais caro por um lugar realmente bom; 
5. Seu ídolo falando a sua língua, com as gírias do seu estado, é quase tão bom quanto as músicas em si;
6. O Paul continua um pitelzinho. Sem mais. 


3 comentários:

  1. Fui ao show do Paul que teve em SP em 2010. Foi um sonho realizado. Fui com meu avô, era o meu primeiro show e eu ia ver um ex-beatle ao vivo! Não dá para explicar o que eu senti e sinto até hoje ao lembrar. Chorei e cantei muito! Adorei seu post e também o fato de ter mais gente que curte o Paul e suas músicas. Ah, ele com certeza continua um pitelzinho! ♥
    Beijos,
    Nalu
    http://coisasafiins.blogspot.com

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  2. show do Paul, que máximo! Também fui, mas em São Paulo e entendo perfeitamente o que você sentiu no show. Esse cara é incrível. Bjs

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