na ponta dos pés perto da platéia

11 de dezembro de 2015
Post que faz parte da série: Diário de Bailarina. Veja outros posts aqui. 


No domingo (06/12), tive a minha primeira apresentação de ballet (se eu não contar aquelas de quando eu era pequenininha). Falei com vocês que iria apresentar uma música do filme Amélie Poulain - que possui uma das melhores trilhas sonoras do cinema! -, e nos meses que se passaram desde então, teve muito treino, lágrimas e rock 'n roll. Não via a hora de pôr o meu figurino e me sentir uma bailarina de verdade, um momento recheado de magia que eu esperava há muito tempo. Porém, nos últimos dias para o espetáculo, a expectativa começou a me deixar tensa, e a cada erro que eu cometia mesmo com meses de ensaio, me faziam sentir a pior dançarina do mundo.

Devo admitir que teatro pra mim é bem mais natural. Nervoso a gente sempre fica, mas quando fui apresentar a Noiva Cadáver, o território me era bem conhecido. Tinha segurança das minhas falas e saberia improvisar muito bem acaso eu ou algum colega esquecesse. As expressões faciais se revelavam tão fáceis quanto aquelas que faço no meu dia a dia - acho que sou meio atriz mesmo fora dos palcos. Todo o lugar que eu pisava era seguro, e tirando a parte que eu cantava (insegurança nessa hora gritava!), eu não tinha medo de nada. 

O ballet, por outro lado, foi e é para mim um desafio constante. Não tenho a segurança dos "muitos anos" de treino. Minha flexibilidade é pífia e faço passos que não são nada naturais para mim. Se eu errar um pouquinho, todos da plateia vão saber, afinal, nós dançamos de forma sincronizada e um desiquilíbrio é visível de longe. Os desafios do meu corpo, como a minha perna em X que me atrapalha tanto fazer uma pirueta simples me tirou o sono na véspera do espetáculo. E lembrar do sorriso mesmo com todas as dificuldade foi um trabalho irônico que a professora insistia em fazer. 

Mas eu gosto de pensar que mesmo o Pottermore insistindo em me colocar na Corvinal e não na Grifinória (desculpa ai o desabafo), a minha coragem se manifesta de diversas outras maneiras. Tenho muito medo do escuro e não gosto de dormir sozinha, porém, comecei a fazer ballet aos dezenove anos mesmo com vergonha e receio de ser um fracass (Coragem). Não entro debaixo do ponto de ônibus da minha faculdade por ter muitas aranhas, mas entrei num palco mesmo com as minhas pernas tremendo: (Coragem).




Quando faltavam alguns minutos para a minha dança começar, as cócegas na barriga começaram a se tornar um reviramento muito sinistro no estômago e a minha bexiga começou a se manifestar. Na hora que a vinheta passou eu jurei que iria cair dura no chão. Quando entrei no palco e me posicionei, achei que não sentia mais minhas pernas. (Relaxa, Paloma, relaxa!!!).

No fim, as minhas pernas bambas só atrapalharam o meu primeiro arabesque e o mal estar passou assim que fiz o primeiro passo da coreografia. Não vou falar que todo o meu nervosismo acabou magicamente, porque não seria verdade, pois ele me acompanhou até a última nota, mas acho que consegui controlá-lo ao ponto de não me atrapalhar muito. Até mesmo a pirueta que me tirou o sono, saiu bonitinha e tímida. 

Gosto de pensar que independente do que você vai fazer nele, o palco te faz enfrentar tudo o que sua mente gosta de apontar que pode dar errado, e mesmo se alguma coisinha acontecer, ele mostra que o show tem que continuar. É um aprendizado e é impossível não sair mais forte depois de tudo. E o ballet cada dia mais me mostra que o importante é começar, mesmo que um pouco mais tarde que o ideal, mesmo tremendo, mesmo não dormindo direito na noite anterior. É treinar o que puder, dar o melhor de si e deixar no final se levar. 

Perfection is not just about control. It’s also about letting go.

Um comentário:

  1. Lindinho o texto e um docinho de desabafo!
    Keep on having fun and the rest will come naturally!
    :)

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